Uso de termelétricas a custo maior e obrigação de comprar energia para honrar contratos encarecem a conta, dizem especialistas
Enquanto o setor elétrico não passar por mudanças estruturais, o consumidor deve continuar a arcar com reajustes na conta de luz bem acima da inflação, segundo analistas. As principais causas para os aumentos têm sido o uso de termelétricas, que têm custo maior de geração de energia, e o chamado risco hidrológico. Quando chove pouco, as hidrelétricas são obrigadas a comprar energia no mercado livre, que tem preços mais altos, para honrar contratos. A conta dessa fatura é estimada em R$ 22 bilhões este ano, e a maior parte do montante é transferido ao consumidor. No caso do Estado do Rio, outro fator que pesa na tarifa é o volume elevado de furto de energia.
Para o presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello, a solução para o entrave no setor é construir termelétricas que operem na chamada base do sistema, ou seja, funcionem o ano inteiro. Elas teriam custo inferior às do modelo atual, acionadas apenas quando cai o nível de água dos reservatórios das hidrelétricas.
—Desde 2013, os reservatórios estão muito abaixo da média. Sem termelétricas na base, só resta rezar para São Pedro —afirmou Mello.
Na avaliação de Christopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia, empresa que atua no mercado livre, a conta do próximo ano pode ficar ainda mais salgada, pois deve refletir o aumento do custo da energia previsto para este ano. Ele espera que a bandeira tarifária, mecanismo que repassa ao consumidor uma sobretaxa toda vez que é preciso acionar usinas termelétricas, deve ficar vermelha de abril a agosto.
—A tendência é que o custo da energia com as termelétricas e o risco hidrológico continuem a pressionaras tarifas. A conta vai ser paga no ano que vem —disse Vlavianos.
O especialista avalia que incluir o custo do furto de energia na tarifa pode não sera melhor solução:
— É sabido que existe esse problema no Estado do Rio, mas uma parte dos furtos não está em áreas de risco, mas em localidades de gente que pode pagar. Com as contas mais caras, e o Rio ainda tem um dos percentuais de ICMS mais elevados no país, isso incentiva anão pagar.
CUSTO DA COMPRA DE ENERGIA
Segundo a Light, o custo com a compra de energia foi a principal causa do aumento da tarifa. A distribuidora destacou ainda o aumento de 15% do dólar em relação a março do ano passado, que afeta as despesas projetadas para os próximos 12 meses para Itaipu e para a UTE Norte Fluminense, onde a Light compra parcela significativa da energia. Para a Enel Rio, a compra de energia e os encargos setoriais foram os principais responsáveis pelo reajuste.
Fonte: O Globo
Jornalista: Redação
Localização: P. 19
Alcance: Nacional