No dia 13 de março, o evento Agenda Setorial, copromovido pela Abraceel em parceria com o CanalEnergia, foi realizado no Rio de Janeiro, marcando a abertura do ano regulatório do setor elétrico e reunindo especialistas de todos os segmentos. A edição de 2025 teve como tema “Caminhos e diretrizes para um mercado mais eficiente”.
Rodrigo Ferreira, Presidente-Executivo da Abraceel, moderou o primeiro painel do dia, que abordou a agenda político-regulatória para 2025 e 2026. O debate contou com a participação de Alexandre Ramos, Presidente do Conselho de Administração da CCEE; Ludimila Lima, Diretora-Substituta da Aneel; e Mário Menel, Presidente do FASE.
Em sua apresentação, Rodrigo destacou as prioridades do segmento de comercialização para 2025, conforme definido no Planejamento Estratégico da Abraceel, com ênfase na formação de preços. Também ressaltou que as questões urgentes levantadas em 2024 continuam relevantes.
Alexandre Peixoto abordou os avanços da CCEE e as metas para 2025, destacando a nova governança, estrutura de segurança do mercado e inovação na Câmara. O presidente do Conselho de Administração da CCEE mencionou ainda o desenvolvimento do parque tecnológico, com a implementação de sistemas modernos e eficientes, e a elaboração do relatório do “período sombra” do monitoramento prudencial.
O painel também discutiu aprimoramentos nas análises de risco, a evolução das operações de mercado e iniciativas como a redução do ciclo de recontabilização e liquidação, o lançamento da CCEE Academy, a viabilização do Open Energy e a abertura integral do mercado, com foco na plataforma de integração.
CCEE está pronta para a abertura total
Sobre a abertura do mercado, Alexandre Peixoto informou que as APIs do modelo simplificado já estão prontas e que workshops com os agentes serão realizados nos próximos meses para testes. Também anunciou que a CCEE está preparada para a abertura do mercado de baixa tensão, com um documento formal sobre a preparação da Câmara previsto para 30 de abril. Além disso, a CCEE criará um comitê de operações de mercado com representação dos agentes para aprimorar processos operacionais.
Ludimila Lima abordou os principais desafios da Aneel nas áreas de geração, transmissão, distribuição e comercialização. Destacou temas como desafios operacionais na geração, inserção de novas tecnologias na transmissão, renovação das concessões na distribuição e equilíbrio tarifário. Para a comercialização, ressaltou a abertura integral do mercado e destacou o avanço da Consulta Pública 07/2025.
Mário Menel enfatizou o desafio de conciliar os interesses das diversas associações do setor elétrico e anunciou que o Fórum está elaborando a Agenda FASE 3.0, considerando as novas dificuldades de cada segmento.
Painéis técnicos exploram sobre projeções de preços, encargos e tarifas
O segundo painel, sobre projeções de preços, encargos e tarifas, foi apresentado por Helder Sousa, da TR Soluções, e Patrick Hansen, da DCIDE. Foram discutidas as projeções do PLD, energia de reserva, reserva de capacidade e Proinfa, além dos desafios dos modelos computacionais de formação de preços.
No painel sobre formação de preços, projeções e pauta regulatória, moderado por Alexandre Lopes, Vice-Presidente de Energia da Abraceel, Celso Dall’Orto, da PSR, mencionou o estudo da PSR para a Abraceel sobre a reprodutibilidade do Dessem, que será apresentado às instituições setoriais.
Ricardo Simabuku, Conselheiro da CCEE, reforçou a necessidade de aprimoramento dos modelos computacionais e destacou o Newave Híbrido como um avanço para maior aproximação da realidade operativa. Enfatizou ainda a importância da previsibilidade dos preços para os consumidores.
Diogo Cruz, do ONS, comentou os desafios operacionais do sistema e os avanços obtidos no Dessem e no Newave Híbrido. Também demonstrou interesse nos nove pontos de melhoria identificados pelo estudo da Abraceel e PSR para a reprodutibilidade do Dessem, elogiando a iniciativa.
Sobre a dupla contabilidade, a CCEE esclareceu que o tema não é novo e que a responsabilização dos agentes pelos dados de entrada é essencial para um despacho correto. No entanto, apontou que mudanças legais podem ser necessárias para sua implementação. O projeto Meta II, que trata do tema, deverá ter seus relatórios finais divulgados em novembro, com dois workshops programados até lá. O ONS reforçou a relevância da dupla contabilidade para aumentar a responsabilidade dos participantes e garantir um sistema mais seguro e eficiente.
No painel sobre segurança e ampliação do mercado, moderado por Bernardo Sicsú, Vice-Presidente de Estratégia e Comunicação da Abraceel, Eduardo Rossi, Conselheiro da CCEE, destacou a importância da segurança para o setor elétrico e apresentou um roteiro para que o mercado evolua nesse tema, incluindo critérios de entrada, manutenção e saída de agentes, monitoramento prudencial, sanções e estrutura de salvaguarda.