Sobre o ponto de vista da financiabilidade, não é necessário o ACR para expansão do sistema.
Em mais uma tradicional Sexta Livre, no dia 26.03, discutimos com a superintendente de energia do BNDES, Carla Primavera, o financiamento do mercado livre de energia. Participou também, Guilherme Arantes, da área regulatória setorial do banco.
Iniciando sua fala, Carla disse que o estudo que a Abraceel publicou, em fevereiro deste ano, sobre a expansão da oferta para o mercado livre, contribuiu muito para a compreensão da questão do crescimento da participação do ACL na expansão do parque gerador e da importância do mercado livre para o sistema elétrico. Disse que desde 2008 o banco já sabia que o ACL seria o futuro do setor, mas que não eram claras a proporção e rapidez em que isso iria ocorrer. Carla ressaltou que ano após ano, o BNDES amadurece em relação ao ACL e que em 2019 o banco tomou a iniciativa de oferecer financiabilidade a projetos, exclusivamente, para o mercado livre. Ressaltou que atualmente há 15 projetos de geração sendo financiados pelo banco, sendo majoritariamente projetos no mercado livre.
Sobre os contratos firmados nesse ambiente, disse que hoje há muitos geradores que querem comercializar energia a longo prazo, por exemplo, 10 anos, o que gerou, inicialmente, surpresa no banco, dado que os contratos no ACL costumavam ter foco no pequeno e médio prazos.
Ao tratar das perspectivas futuras, o BNDES entende que deu um passo para além da questão do leilão de capacidade. Carla reforçou que se está em um ambiente em que não é necessária contrapartida, e o leilão de capacidade vem no intuito de agregar valor positivamente para o modelo de financiamento do banco. Questionada se os derivativos de energia podem entrar no rol de financiabilidade do BNDES, argumentou que é um caminho possível e uma boa maneira de endereçar riscos. Disse que o banco está aberto para projetos e que poderia colocar a questão na modelagem para compreender de que forma se poderiam tratar os derivativos. Entretanto ressaltou que hoje não há nenhum projeto no banco que envolva derivativos.
Disse ainda que o banco está se dedicando a duas vertentes de financiabilidade e que há um desafio diferente para a questão da geração distribuída. Ressaltou que hoje já existe uma esteira de crédito que funciona de forma diferente da tradicional, mas acredita que ainda não se chegou a um modelo ideal, pois ainda há aperfeiçoamentos a serem realizados.
Questionada também sobre o que se pode esperar de novas inovações do BNDES, Carla foi objetiva e disse que o banco está debruçado em projetos de geração distribuída, eficiência energética, eólicas offshore e hidrogênio verde. Complementou afirmando que o banco tem trabalhado em projetos de segmentos futuros e que o grande objetivo é ampliar o cardápio e não ser reticente a novidades.
Sobre a burocratização ao acesso ao crédito do BNDES, Carla disse que o banco mudou sua lógica para desburocratizar a aceitação de novos projetos e que hoje as empresas não precisam estar de posse de PPAs para se habilitar no banco. Disse também que o banco passou muito tempo focado em ter uma avaliação de risco das comercializadoras, mas que desde que foi divulgado o PLD Suporte a discussão mudou de foco. Atualmente acreditam que é importante reconhecer os riscos na modelagem financeira e colocá-los no âmbito do projeto, ponderando com a questão do preço.
Finalizando sua fala, Carla disse que sobre o ponto de vista da financiabilidade não é necessário o ACR para expansão do sistema. Confira o estudo Abraceel sobre expansão da oferta para o mercado livre clicando aqui.