No dia 20 de junho, a Abraceel organizou e conduziu um painel de debates exclusivo no Hydrogen Expo South America, no Rio de Janeiro, que analisou o papel do mercado livre e do comercializador de energia no desenvolvimento da indústria do hidrogênio no Brasil.
Com sala lotada do começo ao fim, o painel contou com palestras e debates que ajudaram quase cem pessoas presentes a entender os rumos dessa nova indústria no Brasil. Participaram Felipe Toledo (McKinsey), Priscila Lino (Auren Energia), Sergio Azevedo Jr (Hydro Energia) e Marcel Haratz (Comerc Eficiência).
O Vice-Presidente de Estratégia e Comunicação da Abraceel Bernardo Sicsú foi moderador do painel e contextualizou o tema, enfatizando que o mercado livre de energia tem sido indutor do desenvolvimento de fontes renováveis de energia elétrica no Brasil, um fator que pode ser estratégico para a instalação de uma relevante base industrial para produção nacional de hidrogênio.
Em seguida, Felipe Toledo apresentou projeções, perspectivas e aspectos para compreender melhor o caminho para o desenvolvimento do hidrogênio no Brasil, considerado por ele um insumo energético importante para reduzir as emissões de carbono em diversos segmentos produtivos na economia.
A consultoria mapeou mais de 520 projetos para produção de hidrogênio no mundo, dos quais 30 deles no Brasil – a maioria nas regiões dos portos de Pecém e do Açu. O valor potencial do mercado para atender a demanda nacional de hidrogênio, bem como exportações, poderá chegar a algo entre US$ 14 bilhões e 18 bilhões em 2040, com aproximadamente US$ 200 bilhões de investimento.
Na visão da McKinsey, o hidrogênio pode responder por 5% a 10% da demanda da matriz energética brasileira, algo entre 8 e 16 GWmed, com potencial de expandir a capacidade instalada renovável do país em 180 GW.
Segundo Felipe Toledo, o hidrogênio verde pode ser competitivo no Brasil já na próxima década, com os custos de produção nacional caindo cerca de 60% até 2030, o que pode tornar o país um dos principais exportadores mundiais. Atualmente, no entanto, do ponto de vista econômico, o gás natural ainda é mais competitivo como matéria-prima.
Durante a sessão de debate, os especialistas frisaram que as comercializadoras de energia podem assumir um papel relevante no desenvolvimento e operação desse novo mercado que está sendo arquitetado, sendo pertinente que liderem a discussão.
Os debatedores, no entanto, abordaram também desafios para a implantação do hidrogênio, entre eles a capacidade do sistema de transmissão para escoar energia. Além disso, o desenvolvimento dos projetos precisa de uma análise atenta que considere a disponibilidade de matérias-primas, infraestrutura, vantagens e desvantagens estratégicas, parceria com o ecossistema industrial, recursos de energia renovável e incentivos do governo.
No encerramento do painel, os palestrantes apontaram temas que merecem ser mais discutidos, entre eles a necessidade de buscar formas de viabilizar o hidrogênio verde no Brasil e sua inserção como um energético no mercado produtivo interno, para que o país não se transforme em mero exportador desse insumo.
Foi ressaltada também a importância da certificação e da rastreabilidade da energia e a articulação ágil e pragmática para que o Brasil não perca espaço para outros países em um mercado em que apresenta vantagens competitivas evidentes.