No dia 24 de novembro, a Abraceel promoveu o Workshop Open Energy, evento que reuniu mais de 300 participantes, entre associados e agentes do mercado, para debater a importância do compartilhamento de dados dos consumidores no setor elétrico, incluindo formas de implementá-lo e cuidados necessários. O evento está disponível no canal da Abraceel no YouTube.
Rodrigo Ferreira, Presidente-Executivo da Abraceel, inaugurou o evento e explicou que, em um mercado competitivo, ter dados dos consumidores de maneira compartilhável é fundamental. Isso será cada vez mais importante porque o processo de abertura transformará o mercado elétrico em grande mercado de varejo – e que o atual estágio, com o ingresso de milhares de consumidores do Grupo A no ambiente livre, já enseja esse tipo de solução. “Esse tema é urgente, está atrasado no Brasil e nós precisamos impulsionar”, apontou, frisando que a solução será criada com os agentes e partes envolvidas no tema.
Bernardo Sicsú, Vice-Presidente de Estratégia e Comunicação da Abraceel, exerceu o papel de moderação no evento e lembrou que a Abraceel passou a apoiar e a trabalhar por esse tema há dois anos, fazendo parte inclusive do plano de metas da Associação, definido em Planejamento Estratégico pelas associadas. O assunto está ganhando importância crescente, tanto que entrou na discussão da consulta pública aberta para discutir as diretrizes para a renovação de concessões de distribuição de energia vincendas.
Nayanne Brito, Coordenadora de Regulação e Mercado de Energia da associada Engie e uma das primeiras defensoras do conceito de open energy, esclareceu que o termo se refere à autonomia do consumidor em relação aos próprios dados de consumo, com permissão para autorizar o compartilhamento deles para outras empresas de maneira interoperável, o que pressupõe que estejam em formatos operacionais compatíveis.
Compartilhamento de dados trará benefícios para todos
Para o segmento de comercialização de energia, os benefícios são diversos, incluindo a digitalização de etapas importantes de análise para a migração e maior transparência nas informações das contas de luz dos consumidores, conforme destacado por Nayanne. No entanto, todos os elos da cadeia do setor elétrico se beneficiam do compartilhamento dos dados do consumidor em bases interoperáveis.
Ela explicou que a implementação depende de alternativas seguras para acesso aos dados nos aplicativos das distribuidoras de energia, semelhantes aos padrões do sistema bancário. Posteriormente, é crucial uniformizar os protocolos de comunicação entre todos os agentes do mercado no país e, por fim, permitir a troca bidirecional de informações quando o sistema estiver avançado, permitindo que o consumidor gerencie os próprios dados.
César Martins, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Chicago Advisory, compartilhou que a empresa onde atua esteve envolvida desde as primeiras discussões sobre o conceito de open finance no Brasil, apoiando a administração e suporte da implantação do compartilhamento de dados dos consumidores no mercado financeiro.
Já Rogério Melfi, integrante da Abfintech (Associação Brasileira de Fintechs), explicou com definições, a base regulatória utilizada e tecnologias adotadas para o avanço do open finance e do open insurance.
No open finance, explicou Cesar Martins, os clientes têm autonomia para usar os próprios dados, sendo as instituições financeiras obrigadas a obter consentimento específico para utilização e compartilhamento de dados específicos. Ele também mencionou que há um diretório central das empresas certificadas para compartilhar dados entre si.
Rogério Melfi, por vez, destacou o desafio inicial de determinar quais dados poderiam ser compartilhados, o que foi superado quando houve decisão de que todos os dados visíveis no extrato bancário dos clientes poderiam ser utilizados. Além disso, as instituições precisaram ajustar estruturas e sistemas internos para compartilhar os mesmos tipos de dados.
Os debatedores enfatizaram que a experiência do compartilhamento de dados dos consumidores em outros setores econômicos importantes pode apoiar e acelerar a adoção do conceito de open energy no Brasil, evitando redundâncias e capitalizando tecnologias já disponíveis.