MonólitosPOST – 23/05/2019
Após ser desarquivada, a Nova Lei do Gás voltou a ser discutida nesta quarta-feira (22), na Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados. Com plenário cheio, deputados federais, representantes do setor e de entidades privadas levantaram pontos que julgam importantes para o mercado de gás natural no país. O principal deles é a ampliação da concorrência.
Hoje, das 21 autorizações de comercialização distribuídas para empresas que trabalham com gás, apenas duas delas praticam o serviço . Uma delas é a Petrobras, a detentora da maioria das transações.
O projeto de Lei 6.407/2013, segundo os deputados, pede urgência. Primeiro, porque a Casa já adia a votação da matéria há mais de quatro anos. Segundo, para poder levar ao consumidor um produto mais barato. O texto do projeto prevê, entre outras mudanças, redesenhar o modelo de mercado atual, de tal forma que possa ele estimular a entrada de novos fornecedores de gás natural no Brasil. Além de aumentar o número de “donos” de gás, o projeto também pretende tornar o transporte desse gás mais transparente.
Deputado pelo partido Novo do Rio de Janeiro, Paulo Ganime defendeu que quanto menor for a interferência do Estado, melhor também para a população. “Mais concorrência na distribuição, na venda de gás, no transporte do gás, isso é fundamental para a gente conseguir não só isso, não só preço, mas aumentar a disponibilidade”, argumentou.
A audiência pública foi proposta pelos deputados Silas Câmara (PRB-AM), Joaquim Passarinho (PSD-PA), Coronel Armando (PSL-SC) e ChristinoAureo (PP-RJ). Participaram do debate representantes da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do Fórum das Associações Empresariais Pró-Desenvolvimento do Mercado de Gás Natural, do Ministério de Minas e Energia e de associações.
Regulamentações
O presidente executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Almeida de Medeiros, disse que, em todos esses anos de transação no mercado de gás natural, a “Petrobrás assumiu riscos, fez investimentos, mas em um regime de monopólio”. Além de defender a mudança nesse formato, o presidente da Abraceel indicou que algumas questões precisam de regulamentação, como o desenvolvimento de novos dutos, já que o gás natural viaja do poço ao consumidor final por meio de dutos das distribuidoras locais.
Segundo Medeiros, todas essas questões estão no projeto e precisam ser organizadas. “Isso se discute há um tempo. O que se está tentando no primeiro momento é separar o que efetivamente vai precisar de lei e depois avançar no que for possível na organização desse mercado de gás. A proposta é um mercado no qual o consumidor possa ser livre e possa se beneficiar em um sistema de competição”, afirmou ele.
Para o coordenador do grupo de Economia de Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmar de Almeida, com apenas uma empresa vendendo o gás, não há como saber se o preço é justo. “É somente por meio da real competição que a gente vai saber. Na medida em que houver mais empresas oferecendo gás, as distribuidoras vão poder fazer um leilão para comprar daquela empresa que esteja vendendo mais barato”, explica.
Essencial e ecológico
Com exceção do querosene para aviões, o gás natural pode substituir todos os outros derivados do petróleo. Pode ser utilizado em automóveis como opção à gasolina e ao álcool e é matéria-prima para a indústria petroquímica, podendo ser utilizado para a produção de solventes e fertilizantes. A importância do gás natural se dá também pela forma como é empregado. O combustível de queima total não deixa resíduos nem cinzas, o que representa relevantes benefícios ecológicos.