Maurício Araya – 31/05/2019
Portabilidade permitirá a 80 milhões de consumidores brasileiros escolher seu fornecedor de energia elétrica.
O setor elétrico carece de reformas estruturais urgentes, e, independentemente do cenário político, é necessário torná-lo mais transparente, eficiente, seguro e capaz de dar sustentabilidade ao crescimento econômico. Para estabelecer a necessária modernização do setor elétrico, o Projeto de Lei (PL) nº 1.917/15, da Câmara dos Deputados, e o Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 232/16 propõem novas bases para o funcionamento do mercado, com incentivo à portabilidade da conta de luz.
O PL nº 1.917/2015 vem tramitando no Congresso há quatro anos e, agora, aguarda a criação de uma comissão especial para analisá-lo. Já o PLS nº 232 espera por deliberação na Comissão de Infraestrutura (CI). Ambos incorporam as proposições originadas da Consulta Pública nº 33, realizada em 2017, pelo Ministério de Minas e Energia, que recomendou mudanças importantes ao modelo setorial vigente, e deu força ao movimento que pretende modernizar o setor energético do País.
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O projeto de modernização, que incorpora a abertura do mercado de energia elétrica, é a oportunidade para levar esse debate a um público maior, a fim de demonstrar à sociedade como a mudança da forma pela qual cada empresa e cidadão compram sua energia pode criar empregos e renda.
Nos últimos 16 anos, os consumidores do Mercado Livre de Energia Elétrica economizaram, aproximadamente, R$ 118 bilhões nas suas contas de eletricidade. Atualmente, esse mercado representa 30% de toda a energia elétrica consumida no Brasil e atende a cerca de seis mil consumidores livres e especiais, que estão entre os maiores do país. Nesse particular, merece destaque que os preços da energia no Mercado Livre foram em torno de 29% menores que as tarifas reguladas das distribuidoras no mesmo período.
No modelo atual, contudo, mais de seis milhões de indústrias, estabelecimentos comerciais e agronegócios no Brasil não têm o direito de escolha sobre o próprio fornecedor de eletricidade. “Isso representa um potencial de redução de R$ 7 bilhões ao ano nos custos de energia do setor produtivo”, diz o presidente executivo da AssociaçãoBrasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros .
A sanção dos projetos motivará a competição, a inovação e a participação ativa dos consumidores no setor de energia. De acordo com a Abraceel, o projeto oferece um cronograma de migração para os consumidores que reduz gradativamente as barreiras para eles poderem ingressar no Mercado Livre de Energia Elétrica e assim ter acesso à energia elétrica negociada a preços e condições livremente contratadas. Para a associação assim que o consumidor se enquadrar na faixa permitida para migração, bastará seguir o procedimento já existente para obter a almejada liberdade de escolha.