Programação antecipada da contratação de energia oferece melhores condições e reduz custos com energia, sendo uma das vantagens do Ambiente de Contratação Livre.
O Ambiente de Contratação Livre, por exigir uma programação de compra antecipada de energia, oferece mais estabilidade com relação às oscilações dos preços que afetam o mercado cativo. Isso acontece, segundo Gustavo Libanori, coordenador de Inteligência de Mercado da IBS Energy, porque no mercado livre os consumidores podem negociar livremente as condições de contrato, que podem ser de longo prazo e com diversos mecanismos de proteção às oscilações de mercado ou de demanda. Com isso, a empresa fica mais coberta e menos vulnerável às mudanças de preços e também imune aos efeitos das bandeiras tarifárias. Já quem está no cativo fica exposto aos reajustes tarifários, sobre os quais o consumidor não tem controle, e às mudanças de bandeiras tarifárias”, comenta.
Uma pesquisa da Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia) aponta que 87% dos brasileiros acredita que o preço pago pela energia elétrica é “caro ou muito caro” – e essa parcela veio aumentando nos últimos anos. A pesquisa aponta ainda que esses consumidores creem que o principal motivo para o alto custo da energia é o excesso de impostos e taxas na conta de luz (65%), seguindo pela impossibilidade de escolher o seu fornecedor de energia (12%).
Libanori aponta, por exemplo, a cobrança do adicional de bandeiras tarifárias como um fator percebido pelos consumidores. “Neste ano, tivemos menos bandeiras vermelhas e amarelas em relação ao ano passado, porém os valores adicionais cobrados dos consumidores em caso de acionamento das bandeiras foram aumentados. Isso reforça a percepção de que a energia está cara.”
Além disso, algumas distribuidoras de energia tiveram reajustes tarifários que superaram a inflação. Segundo dados da ANEEL (Agência nacional de Energia Elétrica), esse foi o caso dos consumidores da CPFL Paulista, que tiveram reajuste médio de 8,66%; da CPFL Santa Cruz (13,31%), da Light (11,12%) e da ENEL RJ (9,70%).
Segundo o CEO do Grupo IBS Energy, Antonio Bento, os consumidores já perceberam o potencial de economia oferecido pelo Mercado Livre. “A pesquisa da Abraceel aponta que 79% dos entrevistados gostariam de escolher o seu fornecedor de energia, e que 57% deles acreditam que o preço da energia diminuiria muito ou um pouco se houvesse liberdade de escolha.”
Apesar da liberdade de negociar as condições de contratação de energia no ACL, e necessário estar atento às demais variáveis que impactam o preço da energia. O desempenho da economia, por exemplo, acaba tendo reflexo no preço do insumo. Como a expectativa de crescimento econômico veio diminuindo ao longo do ano, com atividade econômica ainda instável, o consumo de energia cai e pode sobrar oferta, o que interfere nos preços. “Nesses momentos, quando há sobras ou falta de energia no mercado ou na carteira do cliente, é importante fazer a gestão de forma ativa, verificando a melhor estratégia para negociar os excedentes ou faltas para conseguir um preço atrativo”, destaca Bento.
O CEO lembra também, que mesmo que o ACL ofereça condições mais favoráveis, é preciso negociar o contrato considerando questões importantes, como as variações da carga ao longo do ano e as expectativas de crescimento de consumo, bem como ter o apoio e suporte de uma gestora de energia para garantir bons resultados, além de o fazer com certa antecedência. “Para os processos de migração ao ACL, existem trâmites e procedimentos a serem seguidos, com prazos bem definidos, portanto a empresa deve se programar com máximo de antecedência possível. Quando a empresa já está no livre e vai contratar energia, também é importante fazer planejamento com antecedência para garantir preços e condições mais atrativas para a contratação”, afirma.
Com a Portaria nº 514, de 2018, desde julho de 2019, os consumidores com carga igual ou superior a 2,5 MW podem optar por comprar energia de qualquer fonte, não ficando restritos à compra de energia de fontes incentivadas. Antes da Portaria, o limite era de 3 MW. A partir de janeiro de 2020, o poder de escolha se estende a consumidores com carga igual ou superior a 2 MW. Essa medida oferece ainda mais liberdade às empresas na hora de contratar energia. “É importante lembrar que a energia de fonte incentivada, apesar de ser mais cara, dá ao consumidor o direito de uma parcela de desconto na tarifa de uso do sistema de distribuição. Portanto, nem sempre é vantajoso fazer a troca da energia incentivada pela convencional. A conta é complexa – envolve o padrão de consumo de energia do consumidor, o desconto associado à fonte de energia e o preço de contrato, mas a gestora de energia tem a expertise para auxiliar o consumidor a tomar a melhor decisão”, finaliza Libaroni.
Fonte: Revista O Setor Elétrico