Publicado em Diário do Comércio em 14.01.2020
O mercado livre de energia apresentou um crescimento de 6% no volume de operações em 2019 na comparação com 2018, atingindo um movimento de R$ 134 bilhões, contra R$ 127 bilhões do ano anterior. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). Ainda de acordo com a entidade, o mercado livre corresponde a 30% da energia elétrica consumida no País e foi responsável por uma economia média de 34% na conta de luz entre os seus consumidores em 2019. Diante desses números e desse cenário, as perspectivas para 2020 são positivas
De acordo com o sócio-diretor da Enecel Energia, Raimundo Neto, o ano já começou com preços muito voláteis, com grandes flutuações de valores, algo semelhante ao que ocorreu no primeiro semestre de 2019. Os preços têm sido impactados pelo nível mais baixo dos reservatórios e por causa das chuvas, que não têm caído em grande quantidade nos reservatórios. No entanto, diz ele, daqui a pouco já se pode ter uma redução, partindo para valores estabilizados e razoáveis.
Acerca do potencial do segmento, Raimundo Neto ressalta que “o mercado livre terá cada vez mais uma maior participação na matriz energética do Brasil. Os preços do mercado livre no médio e no longo prazo tendem a ser a solução para as principais indústrias e empresas, para reduzir o custo da energia elétrica”, diz.
O vice-presidente de estratégica e comunicação da Abraceel, Frederico Rodrigues, por sua vez, destaca que existe atualmente uma oscilação de preços normal, que depende muito da quantidade de chuva que está caindo nas diversas regiões do País. Há uma menor expectativa de chuva, mas nada alarmante, diz ele.
Já quando o assunto são as perspectivas para 2020, Frederico Rodrigues destaca as expectativas em relação a um retorno da atividade econômica de forma mais intensa, o que faz também aumentar as boas perspectivas em relação ao crescimento do número de empresas que irão para o mercado livre. “Existe uma diferença significativa entre os preços praticados no mercado livre e entre os cativos”, afirma ele.
O vice-presidente de estratégica e comunicação da Abraceel cita, ainda, a publicação, por parte do Ministério de Minas e Energia, da Portaria 465, de 2019, que reduz os limites de acesso irrestrito ao mercado livre de energia no País. “Com isso, a expectativa é a de que esse mercado possa ocupar um espaço maior ainda, dependendo de como vai reagir a economia”, diz ele.
Frederico Rodrigues conclui que se espera um mercado brasileiro mais livre e mais competitivo, com grande estímulo à economia e à eficiência.
Cautela – Quando se trata de partir para esse mercado, contudo, o consultor de energia Rafael Herberg destaca que é preciso fazer tudo com bastante comedimento, pensando em transações cuidadosas e planejadas.
“É preciso ter cautela, não fazer nada por impulso. A minha sugestão é sempre acompanhar os preços, as ofertas do mercado e analisar em relação à competitividade do seu negócio”, afirma ele, ressaltando que, dessa forma, é possível fazer bons negócios.
Números –. De acordo com a Abraceel, o mercado livre de energia no País tem, atualmente, 324 comercializadores registrados na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), tendo fechado o ano passado com 6.870 consumidores. Ainda de acordo com a entidade, o setor é o responsável por 34% de toda a expansão do parque gerador em construção, com investimentos que giram em torno de R$ 34 bilhões, sobretudo em energia renovável. Hoje, 42% da geração de energia renovável tem o mercado livre como destino.
Em nota, a Abraceel afirmou que “os resultados de geração de energia, comercialização e economia poderiam ser muito maiores com a abertura total do mercado de energia no País”.
De acordo com o presidente da entidade, Reginaldo Medeiros, o mercado livre de energia poderia entregar, anualmente, uma economia de R$ 12 bilhões na conta de luz de 80 milhões de consumidores do Brasil.
“Mesmo que a abertura atingisse hoje somente a parcela do setor produtivo que ainda está fora desse mercado, já teríamos uma redução de R$ 7 bilhões nessas contas corporativas e poderíamos gerar no Brasil algo em torno de 420 mil postos de trabalho”, disse ele, em nota.
Fonte: Diário do Comércio