As empresas distribuidoras como o “front office” do setor, poderiam ter um papel relevante nessas ações de comunicação visando a conscientização do consumidores que são, de fato, os que pagam a conta.
A abertura total do mercado, ao possibilitar-lhe a escolha do seu fornecedor de energia elétrica, vem sendo o único argumento apresentado como capaz de empoderar o consumidor. A nosso ver, ainda falta outro componente, tão importante quanto, o conhecimento do mercado, especialmente, pelo consumidor ligado na baixa tensão. A expressão “Scientia potentia est”, que em latim significa saber é poder é atribuída ao filósofo Francis Bacon, embora não seja conhecida nenhuma ocorrência precisa desta frase nos seus escritos em latim ou em inglês.
O texto a seguir reproduz parte da proposta do PLS 232, que trata da abertura do mercado, cujo relator é o Senador Marcos Rogério.
“Art. 15-A. A redução dos limites de carga e tensão, nos termos do § 3º do art. 15, para consumidores atendidos por tensão inferior a 2,3 kV (dois inteiros e três décimos quilovolts) deverá ocorrer em até 42 (quarenta e dois) meses da entrada em vigor deste artigo.
Parágrafo único. O Poder Executivo, em até 42 (quarenta e dois meses) meses da entrada em vigor deste artigo, deverá apresentar plano para extinção integral do requisito mínimo de carga para consumidores atendidos em tensão inferior a 2,3 kV (dois inteiros e três décimos quilovolts), que deverá conter, pelo menos:
I – ações de comunicação para conscientização dos consumidores visando a sua atuação em um mercado liberalizado;”
O inciso destacado é de fundamental importância para o sucesso do que se pretende, empoderar o consumidor. O prazo necessário para se atingir este objetivo dependerá, evidentemente, da extensão destas ações que poderão constar de simples anúncios esporadicamente apresentados na mídia até ações permanentes de natureza estrutural.
A reportagem publicada no Portal CanalEnergia – ESCOLAS DE ARARAS (SP) TERÃO DISCIPLINA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – apresenta uma parceria entre a Prefeitura Municipal e a Elektro, subsidiária da Neoenergia na região, cujo objetivo é incluir na grade curricular das escolas do município o assunto Eficiência Energética, conforme diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ministério da Educação. Ação bem diferente de simples palestras que deixam apenas uma vaga ideia sobre o tema.
Como estes estudantes serão futuramente os trabalhadores, os líderes, os consumidores e os eleitores de amanhã, seria oportuno incluir neste programa, além da eficiência energética, o conhecimento das diferentes fontes primárias de energia, com os respectivos processos de conversão em energia elétrica. Além de mostrar-lhes como esta chega às suas casas, bem como seus impactos no meio ambiente.
Esta ação propiciará a estes estudantes um melhor entendimento do funcionamento de um sistema de energia elétrica, uma vez que, possivelmente, muitos deles só despertam para a importância da energia elétrica em suas vidas quando ficam presos em um engarrafamento a caminho da escola devido aos semáforos desligados ou levam uma bronca dos pais por deixarem as lâmpadas acesas em um ambiente vazio.
A importância de uma iniciativa de natureza estrutural como esta pode ser melhor avaliada ao observarmos os resultados da pesquisa feita pelo IBOPE para a ABRACEEL, cuja a amostra usada na pesquisa tem 40% dos entrevistados com nível de escolaridade até a 8ª série do ensino fundamental. Como resultado desta a parceria estes jovens certamente estarão no futuro melhor preparados para informar e ajudar suas famílias a tomarem suas decisões como consumidores de energia elétrica.
Este projeto da Prefeitura de Araras ao atingir um público alvo representativo para a construção do futuro do país, será um passo importante para a construção de uma sociedade consciente quanto a produção e o consumo de energia e sua interação com meio ambiente. As empresas distribuidoras como o “front office” do setor, poderiam ter um papel relevante nessas ações de comunicação visando a conscientização do consumidores que são, de fato, os que pagam a conta.
O Senador Marcos Rogério poderia incluir na sua proposta para o PLS 232 um incentivo para as distribuidoras replicarem esta iniciativa nas suas respectivas áreas de concessão, afinal os xingamentos pelas eventuais faltas de energia e valores das faturas mensais caem direto nos seus colos. Mobilidade elétrica, transformação digital, descarbonizarão, armazenamento de energia e demais tecnologias chamadas de disruptivas precisam de um terreno fértil para poder prosperarem.
Fonte: Canal Energia
17.02.2020