A retomada de diversas atividades econômicas, principalmente das indústrias, está contribuindo para a recuperação do mercado livre de energia, que apresentou queda na participação em função da pandemia do Covid-19.
Em maio, segundo os dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), 18 estados brasileiros aumentaram a participação no consumo no Mercado Livre de Energia. Minas Gerais chegou a 48% do total consumido, ante a participação de 47% verificada em abril.
A tendência é de aumento no uso da energia, uma vez que os custos estão mais acessíveis, ficando cerca de 35% inferiores aos das distribuidoras. Para o fechamento do ano, com o impacto negativo da pandemia, a tendência é de queda em torno de 5% a 10% no mercado.
De acordo com o presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros, a retomada das atividades econômicas que foram prejudicadas pelas medidas de isolamento para o controle do Covid-19 tem sido fundamental para o aumento da demanda por energia.
Os consumidores do mercado livre energia são as grandes empresas, que consomem acima de 500 quilowatts e pagam contas de luz acima de R$ 100 mil. No início da pandemia, o consumo de energia desabou, mas, agora, estamos vendo uma retomada das atividades, o que é fundamental. Já percebemos uma maior demanda vinda das grandes empresas, das grandes indústrias e de segmentos do comércio, como os shoppings”, disse.
A participação de Minas Gerais, em maio, no mercado livre ficou em 48%, ante 47% registrado em abril. No Estado, a demanda maior veio, principalmente, das indústrias siderúrgicas, de alimento, agronegócio e de papel e papelão.
Em maio, a quantidade total de energia consumida no mercado livre representou 31% do total consumido no País, sendo que 85% do consumo da classe industrial é de energia livre. Neste mês, o volume de energia transacionada no mercado livre foi de 81.484 MWmed, o que corresponde a 62% do volume transacionado em todo o País – um aumento percentual de 4,8% em relação ao registrado em abril.
A Abraceel aponta que a geração de energia renovável destinada ao mercado livre cresceu 68% nos últimos 12 meses. Sendo que o consumo no mercado livre de fontes como eólica, biomassa, PCH e solar foi de 30% em maio, um aumento percentual de 15% em relação a abril.
Ainda sem fechar os dados de julho, Medeiros explica que o desempenho também foi melhor e que o consumo parcial dos 25 primeiros dias do sétimo mês de 2020 ficou equivalente ao início de julho de 2019.
“Estamos observando uma retomada. Ainda existem muitas incertezas em função da pandemia, mas, acredito que no fechamento do ano, vamos encerrar com uma queda entre 5% e 10% no mercado livre de energia”.
Competitividade – Ainda segundo Medeiros, a migração para o mercado livre de energia é importante para a competitividade das indústrias. Este ano, com a queda na demanda e investimentos feitos em anos anteriores, a oferta de energia limpa está maior, o que tem tornado os preços mais acessíveis.
“Os preços do mercado livre estão muito favoráveis, a gente acredita que se os consumidores abaixo de 500 quilowatts pudessem acessar esse mercado, teríamos uma migração muito grande. Hoje, os preços estão cerca de 35% menores que os das distribuidoras”.
A estimativa de Medeiros é que nos últimos 13 a 14 anos, a economia gerada no mercado livre tenha sido de R$ 200 milhões.
“É uma espécie de custo Brasil negativo, se não existisse o mercado livre as indústrias teriam comprado energia mais cara nas distribuidoras reguladas pela Aneel. Parte da competição da indústria brasileira no mundo é resultado dos preços mais acessíveis da energia no mercado livre”.
04.08
Fonte: Diário do Comércio