Nos últimos 36 meses, empresas de água e esgoto lideraram aumento do consumo de energia no mercado livre em 25 ocasiões; levantamento que considera 15 segmentos produtivos
Apesar de demandar quantidade relativamente menor de energia em relação a setores produtivos eletrointensivos, o saneamento básico foi o segmento econômico que obteve o maior crescimento de consumo no mercado livre de energia nos últimos anos. Alguns fatores ajudam a explicar o movimento, principalmente a busca por custos menores e maior eficiência operacional em uma área em que a energia elétrica é um dos principais insumos.
Ao longo dos últimos 36 meses, entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022, o setor de saneamento básico liderou o crescimento do consumo de energia no mercado livre em 25 ocasiões em uma avaliação que considerou 15 segmentos produtivos. Nenhum setor sequer se aproxima de uma aceleração proporcional tão vigorosa como a do de saneamento básico.
Com isso, nos últimos 36 meses, a participação do setor de saneamento básico aumentou de 1,6% para 2,3% em relação ao total de energia demandada no mercado livre, atingindo em média 525 MW médios mensais no ano passado.
Nesse período, entre 2022 e 2020, as empresas operadoras de água e esgoto aumentaram em 47% o consumo de energia elétrica no mercado livre. Em relação a 2021, o setor de saneamento aumentou o consumo em 12%.
Em 2022, em comparação a 2021, os três segmentos que apresentaram o maior crescimento no consumo de energia elétrica no mercado livre foram serviços (17%), madeira, papel e celulose (13%) e saneamento básico (12%).
Mas o setor de saneamento básico foi o que registrou, de forma disparada, o maior crescimento proporcional na quantidade de unidades consumidoras que migraram para o mercado livre de energia em 2022 em relação a 2021: 45%, atingindo aproximadamente 1.000 unidades consumidoras. Seguido por transporte, sérvios e alimentos (18% cada setor).
O mercado livre de energia é um ambiente de contratação caracterizado pela livre negociação entre as partes, competição pela conta de energia elétrica dos consumidores, ofertas customizadas para cliente e serviços de gestão de energia. Em dezembro de 2022, por exemplo, o custo da energia, um dos componentes da tarifa elétrica, foi de R$ 277/MWh no mercado regulado e de R$ 135/MWh do mercado livre, uma diferença de 51%.
Os números mostram que, a partir de 2020, as operadoras de água e esgoto descobriram o mercado livre de energia, movimento que coincide com a sanção do novo marco regulatório do saneamento básico. A lei fortaleceu a segurança jurídica e ampliou investimentos privados nessa área. De acordo com o governo federal, entre 2020 e 2022, nove leilões de concessão realizados no setor de saneamento foram responsáveis por contratar R$ 70 bilhões de investimentos privados no longo prazo para universalizar o acesso aos serviços.