Grupo representa aproximadamente 90% dos domicílios e 70% do consumo residencial e está alocado no mercado cativo há mais de 20 anos sem política específica para redução de preço
Pelo prisma do setor de energia elétrica, o consumidor encaixado na classe média pode ser caracterizado como um “esquecido”. Isso porque não desfruta, há mais de 20 anos, de políticas públicas específicas que viabilizem a redução do valor das suas contas de eletricidade.
Espremidos entre nichos já beneficiados por medidas governamentais nos últimos anos, que lhes ofereceram alternativas para reduzir o custo da energia elétrica – os consumidores de renda mais baixa atendidos pela tarifa social (Lei 10.438/2002), os grandes consumidores industriais e comerciais de energia que podem escolher o fornecedor no mercado livre (Lei 9.074/1995) e os consumidores com telhados e condições financeiras para instalar sistemas de geração solar (Lei 14.300/2022) –, os brasileiros da classe média seguem sem atenção mesmo representando cerca de 90% dos domicílios e 70% do consumo residencial.
Os consumidores de classe média brasileira estão inseridos no grupo B1 Residencial, independentemente da demanda e valor da fatura. Com a abertura completa do mercado de energia, que possibilita a todos os consumidores escolher o seu fornecedor de energia elétrica, esse grupo pode ser beneficiado com um desconto total de R$ 22,7 bilhões por ano nas contas de eletricidade em comparação ao que pagam atualmente no mercado regulado.
Além de ser o grupo com a maior quantidade de unidades consumidoras, é também o que receberá potencialmente o maior valor de desconto agregado caso o direito à liberdade de escolha seja efetivado para todos os brasileiros.
De acordo com Rodrigo Ferreira, presidente-executivo da Abraceel, a classe média é bastante heterogênea e comporta consumidores de perfis bastante diversos, que se misturam, no limite, tanto com os de menor renda quanto com os mais abastados. “Mas, mesmo assim, há benefícios muito evidentes para esse enorme grupo que vem sendo impactado significativamente nos últimos anos pelo custo crescente da energia elétrica”, disse.
Pesquisa realizada pelo Datafolha para a Abraceel mostrou que a escalada das tarifas de energia elétrica nos últimos anos causou dificuldades na gestão do orçamento familiar dos brasileiros, com redução do consumo relacionado ao bem-estar. Entre os entrevistados, 85% passaram a economizar energia elétrica nos últimos 12 meses para reduzir o valor da conta de luz, 72% deixaram de comprar itens que consumiam para pagar a conta de luz e 44% deixaram de pagar alguma conta de consumo elétrico no último ano.
Acesse o estudo Portabilidade da Conta de Luz: Justiça Social e Transição Energética Justa.