Autoridades governamentais do setor elétrico deram um importante passo para o avanço e consolidação do mercado livre de energia no Brasil, onde o aperfeiçoamento dos modelos computacionais de formação de preço é um tema estratégico.
Em abril, o Grupo Técnico Metodologia da Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (CPAMP) realizou workshop com os agentes para apresentar as deliberações em relação às metodologias propostas no Ciclo 2021/2022, bem como as análises das contribuições recebidas na Consulta Pública MME 121/2022.
Foi aprovada a implementação da metodologia PAR(p)-A, considerando a média dos últimos 12 meses, aprimorando o processo de geração de cenários hidrológicos. A Abraceel, em sua contribuição à comissão, chamou atenção para o comportamento do PAR(p)-A em momentos de grande variabilidade de cenários hidrológicos. A CPAMP respondeu que estudos futuros poderão servir para adotar aprimoramentos, como a incorporação de variáveis climáticas nos modelos de otimização.
Os novos critérios de parada foram aprovados tal como proposto inicialmente na consulta pública. Dentre as 30 contribuições, 16 apontaram ressalvas nesse tema. A Abraceel ressaltou que o número máximo de iterações proposto ainda não seria suficiente para o modelo atingir a estabilidade. A comissão, porém, argumentou que o novo critério permite o modelo iterar mais do que atualmente, e por um critério de Zinf mais restrito, o que melhora a qualidade e estabilidade da solução.
Além disso, a Abraceel sugeriu que fossem demonstradas quais diferenças entre as iterações são aceitáveis. A comissão apontou que análises adicionais com esses resultados serão apresentadas em relatório complementar.
Sobre a sugestão de uma segunda fase da consulta pública, a CPAMP reconheceu a necessidade de investigar como o modelo pode iterar mais e melhor, porém coloca como uma avaliação para ciclos futuros.
Motivada pelas contribuições na consulta pública, a CPAMP constatou que o par (25,35) poderia reduzir os custos sistêmicos, sem comprometer a segurança do sistema, um dos pontos levantados pela Abraceel em sua contribuição. Com os resultados do backtest (dez/15 a dez/21), foi estimada uma redução de R$ 1,3 bilhão/ano de custo da geração térmica e um resultado de 0,5 p.p./ano menor de armazenamento no SIN (em relação ao vigente).
Assim, a CPAMP aumentou a aversão ao risco dos modelos, aprovando um par intermediário entre a sua proposta inicial e o par sugerido pela Abraceel.
Por fim, a CPAMP irá realizar “operação sombra” das alterações aprovadas ao longo de 2022, reprocessando desde o início do ano. O próximo workshop da comissão deverá discutir a agenda de trabalho do próximo ciclo, tal como sugerido pela Abraceel.